Sentimentos, emoções, agrestes mares
Palavras que transbordam na jangada
Que frágil vai sulcando esses lugares
Esses abismos, portos e enseadas.
Eu sou um marinheiro…Mas que interessa?
Não vi o mar...Tenho a alma vazia
Nem luas, nem sereias...Alma espessa
Cortina de neblina esparsa e fria.
Meu barco…frágil nau de descoberta
Lá cabem as pimentas indianas
Os sons exóticos de uma praia incerta
As cores e os suores das africanas.
A beleza atrevida das nativas
O cheiro das marés e dos sargaços
A luz de outros mundos, outras vidas
De outros lábios, beijos e abraços
Eu quero ser do mundo, grande e azul
Sem lei, sem condição, um barco errante
Partir da terra erma rumo ao Sul
Na busca da promessa do Infante!
Eu quero tudo…saber que a Terra é bela
Que alguém ainda me espera em qualquer lado
Fazer das minhas mãos a caravela
E do meu corpo um antro de pecado!
Partir, voltar…arder na ansiedade
De cada horizonte a vislumbrar
Nunca viver de um sonho a metade
Ou tudo ou nada...Viver ou naufragar...