Eu quis tocar um dia na face de Deus
Sentir a brisa a emanar de cima
Louvar com mãos viradas para os céus
Num altar concebido numa rima
Eu quis divinizar a Poesia
Fazer dela a verdade permanente
Nos rosários da pena fugidia
Criar o verso que me faça crente
Concebi a Babel de meus pecados
As penitências de sonetos vagos
A torre erguida sem lhe ver fim
Mas a ruína veios a passos certos
Caíu a torre, foram-se os meus versos
Ficou só o descrente que há em mim.