Suspende-se no meu espaço uma indefinível crispação
Um traço indelével de um qualquer vácuo sem forma
Um frio que se me entranha por entre a derme e a palpitação
Como um cair de noite sobre uma cidade morna
Gotejar irregular de um coração que dir-se-ia moribundo
Sente-se no ar um abismo sem definição e fundo.
Arranco às unhas palavras que escrevam orientações
Bússolas e lábios, rumos de outras polaridades
Cai-me de mim um vinho com o sabor dos limões
Acidez de poetas a decantar as saudades
Dir-se-ia que estou só no meio da multidão
Mas não existem clichés que abarquem a solidão.